segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Olavo Bilac 125 anos depois



Integrantes da panelinha, criada em 1901 para a realização de festivos ágapes e encontros de escritores e artistas. A fotografia é de um almoço no Hotel Rio Branco (1901), que ficava na rua das Laranjeiras, 192. De pé, temos: Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Olavo Bilac, José Veríssimo, Sousa Bandeira, Filinto de Almeida, Guimarães Passos, Valentim Magalhães, Rodolfo Bernadelli, Rodrigo Octavio, Heitor Peixoto. Sentados: João Ribeiro, Machado de Assis, Lúcio de Mendonça e Silva Ramos.



Exatamente a cento e vinte cinco anos, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac estréia na imprensa com o soneto “A Sesta de Nero”, na Gazeta de Notícias, a 31 de agosto.Esse pensador das letras que foi contemporâneo de José do Patrocínio, Alberto de Oliveira, Coelho Neto e o maioral da época por merecimento Machado de Assis.Com essa turma acima citada e já conhecido como Olavo Bilac, fundou a Academia Brasileira de Letras.Tristemente Olavo Bilac e seus contemporâneos recebem a pecha de maçante nos dias de hoje, resultado do perene embrutecimento dos jovens que em tempos de Wikipédia e Ctrl+C , Ctrl+V, ler é cada vez mais démodé.Mas para alguma alma penada da internet que queira saber qual foi o primeiro poema desse cara que entre suas obras consta o Hino da Bandeira do Brasil, aí vai:
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A Sesta de Nero


Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.
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Nero no toro ebúrneo estende-se indolente...
Gemas em profusão do estrágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.
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Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.
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Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Neto dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia.

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(Olavo Bilac)

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